Recursos Hídricos e o Impacto Industrial



Recursos hídricos e o impacto industrial


Introdução

Este é um artigo sobre o impacto que as indústrias têm sobre os recursos hídricos. Os assuntos abordados serão os seguintes:
   
  • O que são recursos hídricos
  • Importância dos recursos hídricos
  • Efeitos das indústrias sobre o ecossistema
  • Mitigação da poluição aquática pelas indústrias 
  • Considerações éticas
      

O que são recursos hídricos?

Os recursos hídricos são todos os recursos (finitos e renováveis) constituídos por água, que podem ser superficiais (rios, lagos, oceanos,...) ou subterrâneos (lençóis freáticos, ...). Podem encontrar-se no estado líquido, gasoso e sólido.
O estudo das águas na natureza nas suas diferentes formas é chamada Hidrologia.
Curiosidades sobre a agua (e a sua relaçao com o ser humano) :
  • a Terra tem 1 424 192 640 kmde agua, dos quais 97,5% é salgada e 2,5 doce     
             


 Fonte: How Stuff Works (2007)
“Como funciona a água”, fontes de agua no mundo (Nota: os 97,5% sao arredondados para 97% e os 2,5% para 3%)










  • 70% da agua doce é gelada ao nivel dos polos e os restantes 30% sao essencialmente presentes nos solos


 Fonte: adaptado de SRH (2000) por Boscardin Borghetti et al. (2004)
Distribuição Relativas das Águas Doces no Planeta





  • em 2015, 2% da agua potavel sera originada da dessalinizaçao
  • grande parte dos recursos hidricos renovaveis sao situados na América e na Asia

  • Fonte: elaborado por Boscardin Borghetti et al. (2004) a partir de FAO (2002a).
    Distribuição Relativa dos Recursos Hídricos Renováveis no Planeta







    Importância dos recursos hídricos

    • No ser humano

    Todos os seres humanos precisam de água, estando dado que o corpo humano é constituído por 75% de água, e que precisamos de beber água para sobrevivermos. E mesmo se já não se utilizam tanto os recursos hídricos superficiais, não podemos dizer que não consumimos água, pois uma grande parte dos lençóis freáticos ou subterrâneos é utilizada como fonte por aproximadamente 60% da população mundial. Além disso, os recursos hídricos são utilizados para inúmeras tarefas, como por exemplo:

    ·      O transporte (os barcos)
    ·      Abastecimento  
    ·      A agricultura (irrigação de terras) 
    ·      A limpeza 
    ·      A produção de energia (energia hidráulica)
    ·      O funcionamento de máquinas

    ·      No ecossistema

    A água é o que permite a existência do ecossistema, porque é a água que permite a vida das plantas, dos animais, etc... Quando a água é afetada por efluentes residuais, são todos os ecossistemas que têm pelo menos um ser que consumira aquela água que são afetadas. E isto pode ter consequências extremamente graves...


    Efeitos das indústrias no ecossistema

    ·      Quais as indústrias que mais afetam os recursos hídricos
    15% das utilizações de água são feitas por indústrias. As indústrias que utilizam mais água são:
    ·      As centrais elétricas

    ·      Quais estes efeitos
    Problemas e consequências associadas

    A poluição das águas já é um problema em si, mas há muitos outros problemas que surgem dele, como a falta de água doce (ou seja stress hídrico) principalmente junto aos grandes centros urbanos, e a diminuição da qualidade da água (sobretudo devido à poluição hídrica).
    Junto a isto, temos consequências: 

    Ecossistémicas – As espécies vivendo ou dependendo da água (ou seja todas) são ameaçadas por causa das muitas matérias e substâncias tóxicas presentes nas águas não tratadas que as indústrias utilizam para limpar, transportar, misturar, etc..., pelos lixos e outros, que são diretamente deitados em lugares não próprios. É também possível poluir a água através de outros elementos, assim, pesticidas utilizados numa plantação poderão encontrar mais tarde na água. 

    Os contaminantes podem ser classificados como:

    Agentes Químicos
    ·      Orgânicos (biodegradáveis ou persistentes): proteínas, gorduras, hidratos de carbono, ceras, solventes, entre outros.
    ·      Inorgânicos: ácidos, álcoois, tóxicos, sais solúveis ou inertes.

    Agentes físicos
    ·      Radioactividade, calor, modificação do sistema terrestre, através de movimentação de terras ou similares. 
    Agentes Biológicos
    ·      Microscópicos, como vírus, baterias, protozoários, helmintos (platelmintes e nematelmintes), algas.
    ·      Macroscópicos, como animais e plantas não pertencentes ao habitat natural em sobreexploração.

    Além disso, todos os animais têm de beber água e bebendo água poluída poderão desenvolver problemas diversos, como por exemplo, doenças, anomalias de crescimento, etc. Nesse caso também as plantas arriscam-se a serem “poluídas” pelas águas. A pesca excessiva das indústrias pesqueiras também não ajuda, ameaçando a biodiversidade marinha: estima-se que se algumas medidas não forem tomadas rapidamente, já não haverá peixe nos oceanos em 2048. 



      Fonte: SeaWeb, The New York Times
    Análise e projeção da quantidade de espécies marinhas de 1950 até 2050











    No ser humano –  Os problemas são parecidos e as causas iguais: os efluentes de águas residuais poluem a água, que é ingerida por populações que, por exemplo, vivem num país onde não há dinheiro suficiente para tratar as águas, e a população poderá desenvolver doenças e problemas como: amébiase, ancilostomose, ascaridiase, cólera, disenteria bacilar, esquistossomose, e outros...
    Além disso, a pesca excessiva e a poluição, por sua vez, tiram peixe dos oceanos, e as populações dependentes da pesca ou que têm como principal alimento o peixe (muitas vezes populações pobres) encontram-se muito prejudicadas.  



    Citamos aqui um exemplo da poluição aquática de uma indústria petrolífera chamada BP Deepwater Horizon:

               “L’explosion de la plateforme BP Deepwater Horizon du 20 avril 2010 constitue une des plus graves pollutions pétrolières de l’histoire. Sa localisation dans les eaux du premier consommateur mondial, et l’implication d’une des compagnies les plus avancées en matière de responsabilité sociale d’entreprise, sont révélatrices des enjeux actuels de la gestion environnementale des risques pétroliers. Alors que les gisements les plus accessibles sont exploités par des sociétés nationales, les compagnies internationales satisfont l’inextinguible demande en pétrole du système mondial en explorant des situations extrêmes, comme les eaux très profondes. Cela s’accompagne de risques croissants. La catastrophe de BP nous montre le danger de considérer un risque infime comme une absence de risque : l’exemption de planification d’urgence explique la longue durée et l’ampleur de la fuite. Elle rappelle aussi que les impacts du pétrole ne sont bien connus qu’à la surface et le long des côtes : or, cette fuite en eaux profondes causera des dommages écologiques graves dans les zones pélagiques. Cet événement changera les règles du jeu de la régulation environnementale pétrolière dans les zones sensibles. Nous donnons un aperçu des évolutions qu’il pourrait favoriser en Afrique, notamment en Mauritanie. Il reste à savoir si l’augmentation des coûts qui en résultera contribuera à accélérer la transition énergétique mondiale hors de la dépendance des hydrocarbures.” 
       
    “On Thursday the 20th april 2010, the blowout of the Deepwater Horizon drilling platform operated by BP in the Gulf of Mexico starts what can be considered one of the major oil spills in the world history. Taking place in the national waters of the world’s first oil consumer and affecting one of the more advanced oil major in Corporate Social Responsibility, this accident may turn out to be a land mark for environmental management in the sector. International Oil Companies are pushing the (technical/managerial) borders to stay in business in modern world (with the State Oil Companies doing the easy oil left) and provide us the oil we are addicted to. The exploration of oil and gas in Deepwaters or extreme environments brings along new and increased risks. The BP accident shows that a small risk is never zero: there should have been a trustworthy plan B, but there was none. Also, we realize that we do not understand a lot of the behaviour and potential impacts of oil in (deeper) water as long as it does not surface or ends up on the beach. However, it is more and more recognised that this major Deepwater accident will have strong and long lasting pelagic effects. This event will likely change the game worldwide concerning environmental precautions for oil and gas in sensitive circumstances. We give a brief insight of these issues in Africa, particularly in Mauritania, where similarly ambitious off shore operations are being implemented in an area with high economic and nature values and ecological sensitivities. But as these precautions will make the oil more expensive, it could also contribute to speed the transition to a more sustainable world energetic matrix.”


    Mitigação da poluição aquática pelas indústrias

    Para evitar este tipo de poluição:

    • Os efluentes deveriam ser tratados em unidades específicas (ETAR) para minimizar os efeitos nocivos sobre a natureza.
    • As áreas já poluídas deveriam ser descontaminadas, como….
    • A utilização de água deveria ser controlada para evitar uma sobre-utilização dos recursos hídricos.
    • Deveriam ser impostas leis mais rigorosas às indústrias (se uma industria poluir uma determinada área, mesmo ocorrendo um processo judicial, o processo e a multa custarão muito menos caro do que despoluir a área poluída, e portanto as indústrias, felizes de não perder dinheiro, não se importam de perder ambiente). 


 O gráfico mostra o percurso que a água deveria ter da sua captação até ao descarte.









Considerações éticas   

Mas então, porque é que todas as indústrias não cumprem os programas de tratamento de águas? Porque custa caro, e que elas querem fazer dinheiro e não desperdiçá-lo... Sem perceber que o termo desperdiçar é injusto neste caso, pois não estão a desperdiçar dinheiro mas sim a proteger a natureza.
Sim, prejudicamos a natureza. Mas os animais merecem respeito? E as plantas? E...nós? Temos de ter respeito para o ambiente enquanto elemento existente? Ou o importante é termos o maior conforto, a todos os custos? Fazemos parte do ambiente? O ambiente merece respeito por fazermos parte dele?
   

Antropocentrismo ecológico – Segundo esta visão o homem é o centro, portanto os problemas ecológicos são importantes mas só se trazerem consequências para a espécie humana. Nesta visão encontramos:

  • Teocentrismo – Neste caso, o ser humano não pode destruir tudo o que foi “criado” por Deus e, visto que a natureza e ele foram feitos por Deus, não poderia destruir nem a natureza nem ele próprio. Podemos então considerar o problema da biodiversidade como importante e os problemas a nível de doenças ou pouco importantes pois não destruem sempre e as vezes as doenças causadas podem ser curadas, ou importantes, porque se virmos bem, também se destroem alguns seres...
  • Estética – A natureza não pode ser destruída pois destrói-se uma grande fonte de beleza, que já não agradará aos olhos do ser humano. É considerado importante se a destruição é visível, pois qual é o problema de destruir algo que não se vê? Então o problema da diminuição da biodiversidade não é grave se acontecer em lugares ou a escalas não visíveis, e as doenças e outros problemas importantes mas só se as conseguirmos ver.
  • Antropocentrismo das geraçoes futuras– Aqui pensamos nas gerações futuras: não podemos destruir elementos que podem trazer mais tarde dinheiro aos próximos ocupantes do planeta Terra, ou seja não podemos prejudicar os próximos seres humanos. Deste lado destruir a biodiversidade é grave se esta biodiversidade poderia trazer dinheiro, e as doenças causadas pelos efluentes são muito graves se causam problemas económicos que durarão mais tempo.

Duma maneira geral, os impactos sobre os seres humanos são muito mais importantes do que outros impactos (sobre a biodiversidade por exemplo) pois o objectivo é nao causar prejuízos à espécie humana.






Do ponto de vista legal, despejar efluentes prejudicando a qualidade das águas constitui crime capitulado na Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

     

Maïmouna Taillandier, 
8° 5°  Escola Gil Vicente