Gestão Sustentável dos
recursos Naturais
RECURSOS NATURAIS
INTRODUÇÃO
O recurso natural é
qualquer forma de matéria ou energia proveniente do ambiente que pode ser
explorado pelo ser humano para satisfazer as suas necessidades.
Os vários tipos de
recursos classificam-se em:
- Recursos Energéticos
- Recursos Biológicos
- Recursos Minerais
- Recursos Hídricos
Tendo em conta o tempo
necessário à sua reposição, os recursos naturais são classificados em:
Não renováveis: existem em quantidades finitas e não são
repostas à quantidade que são consumidos, pois o processo de formação é muito
lento ou deixou de existir.
Renováveis: não se esgotam, podendo ser repostos à
velocidade que são consumidos.
RECURSOS ENERGÉTICOS
Recursos não Recursos
renováveis renováveis
I- RECURSOS ENERGÉTICOS
I.-1- RECURSOS
ENERGÉTICOS NÃO RENOVÁVEIS
Existem em quantidades
limitadas, e o seu processo de formação é muito lento, pelo que se consideram
esgotáveis. As principais fontes de energia não renováveis são:
Combustíveis
fósseis: carvão, petróleo e
gás natural
Minerais radioativos: urânio, por exemplo.
I.1.1-COMBUSTÍVEIS
FÓSSEIS
Carvão: é queimado nos fornos industriais para obter
calor. Nas centrais térmicas, este calor é usado para a produção de eletricidade.
Infelizmente, a combustão do carvão liberta muitos poluentes que contribuem
para o aumento do efeito de estufa e para a formação de chuvas ácidas.
O vapor libertado para
a atmosfera, rico em enxofre e outros elementos químicos, mistura-se com o
vapor de água, formando assim as chuvas ácidas. Este processo acontece devido
aos poluentes lançados, pelo que se justifica assim a participação do carvão no
aparecimento destas chuvas. Estas chuvas diminuem o pH do solo, tornando a
sobrevivência das plantas impossível.
Mesmo assim, o consumo
mundial deste bem precioso tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos.
Petróleo: o petróleo extraído dos poços denomina-se de
petróleo bruto ou crude. Para separar os vários componentes deste bem, existe
um processo denominado de refinação, no qual se aquece o crude até os seus
componentes se separarem, resultando em vários subprodutos (gás, gasóleo, óleos
lubrificados, alcatrão…).
O petróleo é o recurso
energético mais usado à volta do globo, sendo um verdadeiro pilar da economia.
Em Portugal, o consumo deste recurso tem vindo a aumentar de ano para ano.
Este aumento
explica-se da seguinte forma: a partir do petróleo faz-se todos os produtos
enumerados acima. O gasóleo utiliza-se para os carros. Se o número de carros
vai aumentando de ano para ano, também haverá um aumento notório na quantidade
de petróleo a entrar no país.
Fig.1. Gráfico do consumo de petróleo em Portugal, fazendo uma estimativa para 2020 com informações do consumo do mesmo em 1990 e em 2000.
Gás natural: é um combustível que tem vindo a ser mais procurado ao longo dos anos, uma vez que a sua combustão liberta menos poluentes que o petróleo ou o carvão.
I.1.2-MINERAIS RADIOATIVOS-ENERGIA
NUCLEAR
Alguns elementos químicos, como o urânio,
têm uma propriedade especial. Quando os átomos começam a dividir-se,
libertam-se grandes quantidades de energia. Nas centrais nucleares, esta
capacidade é aproveitada para a produção de calor, que aquece a água, originando
vapor que, ao passar por turbinas, origina eletricidade.
Apesar de muito rentáveis, estas centrais
nucleares apresentam problemas:
1. Radiações
altamente nocivas para os humanos;
2. Produção
de resíduos perigosos que libertam radiações mortíferas;
3. Os
minerais utilizados são extraídos em minas. As escombreiras destas minas também
libertam radiações perigosas.
I.2- RECURSOS
ENERGÉTICOS RENOVÁVEIS
Energia hídroelétrica:
corresponde à força das águas de um rio, utilizada para produzir energia
elétrica. Para isto, é necessário barragens para armazenar água. Alguns
ambientalistas consideram que as barragens provocam distúrbios ao nível do
ecossistema fluvial.
Energia solar: é inesgotável e
os problemas ambientais da sua utilização são quase inexistentes. No entanto, o
seu baixo rendimento e o elevado custo dos painéis trazem limitações a esta
energia.
Energia eólica: a partir de
aerogeradores, o vento pode ser transformado em energia, normalmente elétrica. As instalações de parques eólicos estão limitadas a zonas que atinjam ventos superiores a 6 m/s.
Energia geotérmica: em certos
lugares, o calor interno da Terra entra em centros geotérmicos para produzir
eletricidade. É barato e pouco poluente, mas os lugares com as características
geológicas necessárias são poucos.
Energia da biomassa: este
recurso consiste na utilização de matéria orgânica, podendo ser utilizada como
fonte energética. Esta matéria pode ser gasosa, líquida ou sólida. A partir da
biomassa gasosa forma-se o biogás; a partir da biomassa líquida forma-se
biocombustíveis, em especial o biodiesel e o etanol; a biomassa sólida pode ser
queimada para originar calor.
No mundo, as energias não renováveis são o pilar da economia, nomeadamente o
petróleo, apesar das energias renováveis serem cada vez mais procuradas. A sobre-exploração
das energias não renováveis irá acabar com as mesmas. De momento, a dúvida é se
o mundo conseguirá abdicar destas energias poluentes e abraçar as energias
renováveis. Para isto, a melhor solução seria a economia verde (último
capítulo).
II-RECURSOS
BIOLÓGICOS
Os recursos biológicos
são todos os organismos vivos que têm utilidade para o Homem, ou que poderão
ter utilidade. A diversidade dos seres vivos (biodiversidade) é enorme. Os
organismos distribuem-se por todo o planeta, desde as zonas mais áridas às
planícies geladas. O maior problema ambiental deste recurso é a perda de
biodiversidade a nível global.
Estes recursos são
utilizados para:
1. Alimentação:
pecuária, agricultura, caça, etc.
2. Produção
de vestuário e calçado: produtos derivados de animais ou plantas são usados
no fabrico de vestuário e calçado.
3. Fabrico
de outros produtos: os recursos biológicos, como as plantas, fornecem
cortiça, madeira, resinas, utilizados no nosso quotidiano.
4. Medicina:
certas plantas podem contribuir para o tratamento de certas doenças, sendo
utilizadas no fabrico de medicamentos.
5. Outras
atividades económicas: o turismo está associado, normalmente, aos recursos
biológicos.
A utilização incorreta
destes recursos resulta na perda de biodiversidade a nível mundial, apesar
deste recurso ser inesgotável. Se for explorado para além das suas capacidades
de renovação, tornam-se escassos. As principais ameaças são:
1. Sobre-exploração:
a caça e pesca excessivas põem em perigo inúmeras espécies.
2. Tráfego
ilegal de espécies animais e vegetais: existem acordos internacionais que
proíbem o comércio de plantas ou de animais selvagens, ou mesmo de partes do
seu corpo (marfim, por exemplo). No entanto, a verdade é que o tráfego ainda
existe.
3. Introdução
de espécies exóticas: espécies colocadas em locais onde não existiam podem
ser prejudiciais para o ecossistema. Estas podem disseminar pragas e trazer
doenças inexistentes, sem falar no prejuízo económico que pode trazer.
4. Degradação
ou destruição de habitats: a poluição do ar, da água, a exploração
florestal, a expansão urbana ou até a agricultura pode levar à destruição de
vários habitats.
Para preservar a
biodiversidade no planeta, temos de atuar. Para começar, devemos pescar ou
caçar simplesmente o necessário, e não em excesso. Devemos também proteger os
seres que estão em vias de extinção, preservando os seus habitats naturais, e
ajudar à sua procriação, como se faz nos jardins zoológicos. Sobre os habitats,
temos de anular a poluição sobre os mesmos, e acabar com a sua destruição. A
expansão urbana é um exemplo da destruição dos habitats um pouco por
todo o mundo.
III- RECURSOS
MINERAIS
Os recursos minerais
são concentrações de materiais da natureza mineral. Têm um longo período de
formação, por vezes, milhões de anos, pelo que estes recursos são não
renováveis.
Os recursos minerais metálicos fornecem
metais usados em inúmeros produtos que facilitam a nossa vida. Destacam-se o
ferro, o cobre, o alumínio e o chumbo. Os recursos minerais não metálicos
incluem areias, cascalho e outras rochas ou minerais usados em
diversas indústrias (cerâmica, abrasivos, cosméticos).
Estes recursos são extraídos a partir da
crosta terrestre. Apesar deste ser um planeta rochoso, não se encontra minério
em todos os locais. O minério é extraído quando existe em quantidades elevadas,
constituindo jazigos minerais ou depósitos, constituindo as minas.
Materiais sem interesse económico
designam-se por ganga ou estéril. O minério tem de ser separado deste material
para ser aproveitado. Os depósitos de ganga chamam-se escombreiras.
No entanto, esta atividade traz
certos problemas ambientais. Nas explorações a céu aberto, as escavações
provocam a perda de solos e de vegetação; as águas das chuvas arrastam
substâncias poluentes que contaminam rios e solos; as poeiras libertadas para a
atmosfera afetam a qualidade do ar.
Fig.2: Bingham
Canyon Mine (In www.history.com) Evidencia-se aqui a perda de solos e
de vegetação.
Certos recursos minerais são
desnecessários e supérfluos, como o ouro. A sua exploração é desnecessária,
pois este é, muitas vezes, caro e inacessível às pessoas. Devemos retirar os
minérios necessários para a nossa vida. Além disso, as minas são muitas vezes abandonadas
porque o minério acabou ou devido a acidentes. As minas afetam a paisagem
natural, e devemos atuar para prevenir isso.
Atualmente, a Ciência e a Tecnologia oferecem soluções que estão a ser adotadas
para reduzir ou anular por completo o impacto ambiental da exploração
mineira.
Os recursos hídricos correspondem a toda a
água que existe na Terra. Na Natureza, existe o chamado ciclo hidrológico, ou
mais conhecido como ciclo da água. Este ciclo é a sequência de fenómenos dos
quais a água passa da superfície terrestre para a atmosfera e vem de volta para
a superfície.
A evaporação das águas dos oceanos e dos
lagos, bem como a transpiração dos seres vivos, forma o vapor de água, que é
transportado para a atmosfera e condensa-se. Quando as condições são propícias,
ocorre a precipitação. A água pode ter diversos fins. Uma parte pode
infiltra-se no solo, outra parte escorre à superfície, e outra volta à
atmosfera por evaporação. Assim, a água fecha-se num ciclo de muita
importância. Este ciclo permite a reutilização da água e a purificação das
águas poluídas, faz circular a água de uma região para outra, é um agente
modelador da crosta terrestre e condiciona a distribuição de cobertura vegetal,
permitindo assim a vida na Terra.
A água está distribuída de forma desigual
a nível global. Há regiões com abundância de água e outras onde é um bem
escasso.
Fig.3. Previsão da
distribuição de água mundial em 2025 (in www.scienceshumaines.com)
Os recursos hídricos
são utilizados de várias formas:
1. Uso
doméstico: utilizada em diferentes tarefas domésticas.
2. Fonte de alimento e de matérias-primas: da água são retiradas matérias-primas, como o sal, e a partir da pesca adquirimos alimento.
3. Produção
de energia: a água dos rios ou do mar é utilizada para a produção de
eletricidade. Para além disso, a água também é necessária para a produção de
energia nas centrais térmicas.
4. Via
de comunicação: pessoas e mercadorias são transportadas por via marítima,
formando vias de comunicação.
5. Fins
recreativos: a água é muitas vezes utilizada para atividades de lazer.
6. Fins
medicinais: as chamadas águas termais possuem características que tratam certas
doenças.
A água doce,
necessária para a sobrevivência dos seres vivos, está a tornar-se escassa
devido a certos fatores, como:
1. Sobre-exploração:
a exploração excessiva deste bem pode conduzir ao seu esgotamento nos
aquíferos.
2. Desvio
de águas: as águas fluviais são por vezes desviadas para a agricultura,
pelo que os rios podem secar mesmo antes de chegar ao mar.
3. Poluição
das reservas: os pesticidas, os esgotos, o lixo produzido, os excrementos
que provêm da pecuária e outros fatores podem poluir as águas subterrâneas ou
até mesmo as águas superficiais.
Para além disso, devemos baixar a sua
exploração. No mundo dominante, a ideia do ser humano é o consumismo. Devemos
acreditar que os recursos são limitados e que não é a consumi-los assim que
chegamos a algum lado.
A esmagadora maioria dos países não pensa
em poupar este bem. Só pensa em consumi-lo. No entanto, há um país, e
provavelmente é o único, que tem uma excelente gestão da água, Israel. Este
país fica numa zona árida, ou seja, onde a água é escassa. Mas toda a água que
arranjam, conseguem geri-la de forma a que não se gaste logo. Um país com estas
dificuldades consegue gerir este bem que naquela zona é escasso.
Sendo assim, porque é que os países onde a
água é um bem em grande abundância não fazem o mesmo? Só não fazem porque não
querem. Este recurso é precioso e necessário para a sobrevivência dos seres
vivos. Sem água doce, os seres vivos morrem. Não há um único ser vivo que não
esteja dependente da água. É necessária, também, para a fotossíntese, o
processo realizado pelas plantas na qual utilizam a energia solar para
transformar a água e o dióxido de carbono em glícidos e expulsar o gás que
todos nós respiramos: o oxigénio. Sem a água doce, nada disso seria possível.
Os seres vivos morriam. Podemos afirmar, com estes argumentos, que o ser humano
tem o dever moral de gerir os recursos hídricos de forma sustentável.
Razões éticas (ecocêntricas):
o ser humano tem o dever moral de proteger todas as formas de vida no nosso
planeta ou, pelo menos, não provocar a sua extinção. Porquê? Porque o ser
humano não é mais que os outros seres vivos. Todos os seres que vivem na Terra
estão interligados na teia da vida e nenhum tem mais direito que o outro. O ser
humano deve estar em harmonia com a Natureza, e esta mesma tem valor; não deve
servir só de recurso para o mesmo.
Razões ecológicas: num
ecossistema, as espécies estão interligadas. Se uma desaparece, todo o
ecossistema pode desaparecer e pôr em perigo mecanismos importantes, como a
regulação do clima, a purificação do ar, ou até mesmo a polinização das
plantas, que afeta também o ser humano.
Razões
económicas (antropocêntricas): o tráfico de animais, por exemplo, no
qual o ser humano captura espécies exóticas e vende-as no mercado negro. Sem
falar da utilização de seres vivos em certas atividades como a agricultura ou o
turismo.
Razões
estéticas: o ser humano preserva a beleza da Natureza para as gerações
futuras poderem também aproveitá-la (antropocentrismo inter-geracional).
VI-FORMAS DE
PRESERVAÇÃO
VI.1-ECONOMIA VERDE
Esta economia baseia-se na gestão dos
recursos renováveis e não poluentes. No futuro, esta economia poderá ser o
grande pilar da sociedade, e será onde todas as pessoas poderão
especializar-se.
É claro que estamos a esquecer-nos de um
pormenor. Quem é que, no seu perfeito juízo, abdicaria dum dia para o outro das
energias não renováveis, como o petróleo, e depositaria todas as suas
esperanças nas energias renováveis? A resposta é previsível: ninguém.
Vamos supor que, dum dia para o outro, os
Estados Unidos da América decidem abdicar do petróleo e do carvão. Quais são as
consequências? Um aumento brutal do desemprego. O Governo começa a pagar
subsídios de desemprego a pontapé. Além disso, os USA são dos maiores
exportadores de petróleo. Sem ele, a entrada de dinheiro no país diminui
bastante.
No entanto, estas são as consequências a
curto prazo. E aqui está o busílis da questão. Toda a gente só pensa nisto a
curto prazo. Mas a longo prazo, também há consequências. No futuro, como já foi
referido, as pessoas podem especializar-se nas energias verdes. O que impede os
desempregados de fazerem isso? Absolutamente nada.
Outra consequência encontra-se a nível
ecossistémico. Certos fatores, tanto bióticos como abióticos, mudaram por causa
da poluição industrial causada pela queima de combustíveis fósseis. Sem essa poluição
lançada para a atmosfera, a qualidade do ar melhora e o ocorrimento de chuvas
ácidas é menor. Além disso, o efeito de estufa pode diminuir, e a camada de
ozono também revelará melhorias. Não agora, pois os poluentes ainda ficam na
atmosfera durante muitos anos, mas num futuro distante. Sem petróleo a vir em
cargueiros, não há derrames que degradem os ecossistemas marinhos. Com a
economia verde, as melhorias seriam vistas a nível global.
VII-BIBLIOGRAFIA
- Sistema Terra, Carlos Campos e Zélia Delgado, Editora Texto
Miguel Graça
José Batista